Sexta-feira, 18 de agosto de 2006

19ª Semana do Tempo Comum, Ano Par, 3ª Semana do Saltério (Livro III), cor verde

Levanta-te, vem para o meio (CF 2006)

“Devolva aos seus pais o mesmo amor, respeito e dedicação que Eles lhe deram nas fases da sua infância.” (Lauro Michielin)

Leitura: Ezequiel (Ez 16, 1-15.60.63)

EZEQUIEL ASSINALA A RELAÇÃO ENTRE DEUS E O POVO DE ISRAEL

[1]A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: [2]"Filho do homem, mostra a Jerusalém suas abominações. [3]Dirás: Assim fala o Senhor Deus a Jerusalém: Por tua origem e nascimento és do país de Canaã. Teu pai era um amorreu e Lua mãe uma hitita.

[4]E como foi o Leu nascimento? Quando nasceste, não te cortaram o cordão umbilical, não foste banhada em água, nem esfregada com salmoura nem envolvida em faixas. [5]Ninguém teve dó de ti, nem te prestou algum desses serviços por compaixão. Ao contrário, no dia em que nasceste, eles te deixaram exposta em campo aberto, porque desprezavam a tua vida. [6]Então, eu passei junto de ti e vi que te debatias no próprio sangue. E enquanto estavas em teu sangue, eu te disse: vive! [7]Eu te fiz crescer exuberante como planta silvestre.

Tu cresceste e te desenvolveste, e chegaste à puberdade. Teus seios se firmaram e os pelos cresceram; mas estavas inteiramente nua. [8]passando junto de ti, percebi que tinhas chegado à idade do amor. Estendi meu manto sobre ti para cobrir tua nudez. Fiz um juramento, estabelecendo uma aliança contigo – oráculo do Senhor – e tu foste minha. [9]Banhei-te na água, limpei-te do sangue e ungi-te com perfume. [10]Eu te revesti de roupas bordadas, calcei-te com sandálias de fino couro, cingi-te de linho e te cobri de seda. [11]Eu te enfeitei de jóias, coloquei braceletes em teus braços e um colar no pescoço.

[12]Eu te pus um anel no nariz, brincos nas orelhas e uma coroa magnífica na cabeça. [13]Estavas enfeitada de ouro e prata, tuas vestimentas eram de linho finíssimo, de seda e de bordados. Eu te nutria com flor de farinha, mel e óleo. Ficaste cada vez mais bela e chegaste à realeza.

[14]Tua fama se espalhou entre as nações por causa de tua beleza perfeita, devido ao esplendor com que te cobri – oráculo do Senhor. [15]Mas puseste tua confiança na beleza e te prostituíste graças à tua fama. E sem pudor te oferecias a qualquer passante. [60]Eu, porém, me lembrarei de minha aliança contigo, quando ainda eras jovem, e vou estabelecer contigo uma aliança eterna. [63]É para que te recordes e te envergonhes, e na tua confusão não abras mais a boca, quando eu te houver perdoado tudo o que fizeste, – oráculo do Senhor Deus". Palavra do Senhor!

Comentando a 1ª Leitura (1)

A TUA BELEZA ERA PERFEITA, DEVIDO AO ESPLENDOR COM QUE TE COBRI

O uso do simbolismo matrimonial para indicar as relações entre Deus e Israel é muito difundida na literatura profética, a partir de Oséias. Ezequiel dedica-lhe duas grandes alegorias nos capítulos 16 e 23. No presente trecho de Ezequiel, a nação é acusada de haver sido infiel ao Senhor em sua história.

Abandonada e privada de tudo como uma enjeitada (versículo 4 a 5), fora escolhida por Deus como esposa, por um ato de suprema predileção (versículo de 6 a 14), e, apesar disso, foi-lhe infiel (versículo 15), adorando falsos deuses (16, 16-36). O culto dos ídolos, por isso, é chamado prostituição e adultério (16,16). Mas o misterioso amor do Senhor, gratuito e fiel, não faltará. Deus ama sempre a esposa infiel (versículo 60) e prepara-lhe um futuro de conversão e de volta a ele (versículo 63).

Cântico: Is 12, 2-3.4bcd.5-6 (R/.1c)

ACALMOU-SE A VOSSA IRA E ENFIM ME CONSOLASTES

Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo; o Senhor é minha força, meu louvor e salvação. Com alegria bebereis no manancial da salvação e direis naquele dia: 11Dai louvores ao Senhor, invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas, dentre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime.

Louvai cantando ao nosso Deus, que fez prodígios e portentos, publicai em toda a terra suas grandes maravilhas! Exultai cantando alegres, habitantes de Sião, porque e grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!"

Evangelho: Mateus (Mt 19, 3-12)

O MATRIMÔNIO É EXPRESSÃO DA ALIANÇA, DA FIDELIDADE E DO AMOR DE DEUS

Naquele tempo, [3]alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e perguntaram, para o tentar: "E permitido ao homem despedir sua esposa por qualquer motivo?" [4]Jesus respondeu: "Nunca lestes que o criador, desde o início os fez homem e mulher? [5]E disse: ‘Por isso, o homem deixará pai e mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne’? [6]De modo que eles já não são dois, mas uma só carne.

Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe". [7]Os fariseus perguntaram: "Então, como é que Moisés mandou dar certidão de divórcio e despedir a mulher?" [8]Jesus respondeu: "Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas não foi assim desde o início. [9]Por isso, eu vos digo: quem despedir a sua mulher – a não ser em caso de união ilegítima – e se casar com outra, comete adultério". [10]Os discípulos disseram a Jesus: "Se a situação do homem com a mulher é assim, não vale a pena casar-se".

[11]Jesus respondeu: "Nem todos são capazes de entender isso, a não ser aqueles a quem é concedido. [12]Com efeito, existem homens incapazes para o casamento, porque nasceram assim; outros, porque os homens assim os fizeram; outros, ainda, se fizeram incapazes disso por causa do reino dos céus. Quem puder entender, entenda". Palavra da Salvação!

Comentando o Evangelho (2)

SUPERANDO UMA MENTALIDADE

Jesus recusou-se a pactuar com a mentalidade de certas correntes rabínicas de sua época, no tocante à indissolubilidade do matrimônio. O modo superficial como colocavam o problema levava-os a se desviarem do projeto original de Deus.

A introdução do divórcio, na Lei mosaica, era uma forma de concessão divina à dureza de coração do povo. “No começo não foi assim.” Isto é, o divórcio não estava, originalmente, nos planos de Deus. Se a humanidade fosse menos obstinada e mesquinha, seria desnecessário prever o direito de o homem repudiar sua mulher.

No projeto divino, o matrimônio corresponderia a uma união tão profunda entre os esposos, a ponto de se tornarem uma só carne. A comunhão, assim pensada, exclui qualquer possibilidade de separação. Esta corresponderia a privar o corpo humano de um de seus membros. O esposo separado da esposa e, vice-versa, seria, pois, um corpo mutilado.

O discípulo do Reino sabe precaver-se da mentalidade divorcista leviana, esforçando-se por comungar com o pensar de Deus. E se recusa a agir como os fariseus, preocupados em conhecer os motivos pelos quais o marido pode repudiar sua mulher. O casal cristão, pelo contrário, interessa-se por conhecer aquilo que pode uni-lo mais ainda, de forma a consolidar a união realizada por Deus. E nada poderá separá-lo.

SANTA HELENA (3)

Segundo a lei romana, um matrimônio não era reconhecido se celebrado entre um patrício e uma plebéia, e foi isso que aconteceu com Helena. Tendo se casado com um patrício, essa moça, vinda de família plebéia, foi considerada uma simples concubina. Quando seu marido, Constâncio Cloro, teve o título de Augusto, teve de abandoná-la, deixando-lhe uma criança nos braços. Foi através de Constantino, seu filho, que Helena pôde ter a honra mais desejada de sua vida: teve o título de Augusta, quando este se tornou Imperador de Roma. Constantino deu início a uma pacífica obra de reconstrução, que incluía a paz com o Cristianismo.

Alguns atribuem a Constantino a conversão de sua mãe, enquanto outros dizem, ao contrário, que foi Helena quem o converteu, devido ao fervor religioso que lhe caracterizava a existência. Helena foi para as escavações do túmulo de Cristo e foi a responsável pela reinvenção, ou seja, o reencontro da cruz, em 326. Empolgada com a descoberta, reencontrou ainda a gruta do nascimento de Jesus em Belém e o lugar sobre o Monte das Oliveiras onde Jesus esteve com os discípulos antes de subir aos céus. Em homenagem a ela, foi construída uma basílica no Monte das Oliveiras com o nome de Helena.

1 Missal Cotidiano, ©Paulus, 1997

2 Evangelho Nosso de Cada Dia, Pe. Jaldemir Vitório, ©Paulinas, 1997

3 www.asj..org.br